O filtro solar (também conhecido como protetor solar) é um produto cosmético apresentado na forma de creme, loção, gel, serum ou aerossol, de uso tópico, com ingredientes que ajudam a proteger a pele da radiação ultravioleta do sol, seja absorvendo (filtros químicos) ou refletindo (filtros físicos) estes raios, o que reduz as queimaduras solares e outros danos à pele, diminuindo o risco de câncer de pele.
Por lei, todos os atributos descritos na embalagem dos filtros solares precisam ser comprovados cientificamente e registrados na ANVISA antes de “povoar as prateleiras” dos supermercados, farmácias e perfumarias.
O problema dos filtros solares está na interação do produto com a pele. Por mais que esteja uma boa parte das informações expressas no rótulo, a questão sobre a quantidade a ser aplicada, o quanto a pele absorve do produto, para qual fototipo é indicado e os demais cuidados que deve ser tomados de acordo com o índice UV do local onde você está exposto (pois só o filtro solar não é suficiente para te proteger, pois dependendo do índice é necessário se valer de barreiras físicas como óculos, guarda-sol, camiseta, boné) fica a desejar, cabendo ao consumidor buscar estas informações em seu dermatologista ou em outras fontes de informação.
Para garantirmos que a proteção impressa no rótulo seja efetiva em nossa pele, devemos aplicar a mesma quantidade de produto no qual são realizados os testes de eficácia: 2mg/cm2 sobre a área não coberta. Se assumirmos um adulto mediano com altura de 1,70 m e peso de 65 kg com 75 cm de cintura, ele necessitaria de exatamente 35 g para cobrir sua área corporal não coberta (considerando que ele esteja vestindo uma sunga).
A tabela a seguir cita as variáveis do FPS de acordo com a quantidade aplicada. Nota-se que ao aplicarmos uma quantidade inferior de produto, o FPS diminui:
FPS | Quantidade de Fotoprotetor aplicado | |||
2mg/cm² | 1,5mg/cm² | 1,0mg/cm² | 0,5mg/cm² | |
2 | 2 | 1,7 | 1,4 | 1,2 |
4 | 4 | 2,8 | 2,0 | 1,8 |
8 | 8 | 4,8 | 2,8 | 1,7 |
15 | 15 | 7,6 | 3,9 | 2,0 |
30 | 30 | 12,8 | 5,5 | 2,3 |
50 | 50 | 18,8 | 7,1 | 2,7 |
Fonte: SÁNCHEZ & DELAPORTE, 2008
A questão da absorção do filtro solar pela pele gera muita polêmica e divide a classe médica e a indústria cosmética. Sabemos que a pele, quando recebe uma onda de calor superior a sua temperatura, a permeação aumenta, podendo favorecer a entrada dos ingredientes inativados causando acúmulos de radicais livres, hipersensibilidade a processos alérgicos e cair na corrente sanguínea e provocar intoxicações sistêmicas a produção excedente de estrógeno.
Para prevenir “tais malefícios” poderemos optar por filtros solares que contenham ingredientes antioxidantes como as vitaminas E (Tocopherol) e C (Ascorbic Acid, Ascorbyl Tetraisopalmitate, Ascorbyl Glucoside ou Magnesium / Dissodium Ascorbyl Phosphate), extratos vegetais de café verde (Cofffea arabica (seed) extract) e chá verde (Camelia sinensis (leaf) extract) e que não contenham derivados de PABA (Ethylhexyl Dimethyl PABA), por causa da hipersensibilidade e MBC (4-Methylbenzylidene Camphor), por ser percussor de estrógeno e contra-indicado na gravidez, na formulação.
Outro ponto que se deve levar em consideração é o fototipo: para pessoas de pele branca (fototipo I e II), o produto ideal é que tenha um FPS 30 ou superior, para peles moreno-claras (fototipo III), o FPS indicado é o 30, as peles morenas e pessoas de asiáticas, hindus e indígenas (fototipo IV e V), o FPS ideal é o 15 ou superior e para as peles negras (fototipo VI), o melhor é o FPS 15.
Devido à confusão criada pelos consumidores sobre o grau verdadeiro e a duração da proteção oferecida, restrições nos rótulos dos produtos são impostas em vários países. Na Austrália em 1998, a National Industrial Chemicals Notification and Assessment Scheme – NICNAS, decidiu instituir o rótulo de FPS 30+ para filtros que oferecem maior proteção, e uma restrição similar foi tomada em 2004, nos países europeus pertencentes à The European Cosmetics Association – COLIPA e posteriormente em 2006, no Brasil, regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, onde encontramos rótulos de FPS 50+. Essa atitude foi tomada para desencorajar empresas a produzirem falsos títulos com relação ao nível de proteção oferecida (tal como “Proteção o dia inteiro”).
Na literatura encontramos a seguinte relação entre FPS (in vitro) e a porcentagem de absorção dos raios UV pelo produto aplicado na pele (in vivo):
FPS | 2 | 10 | 15 | 20 | 30 | 40 | 50 | 100 |
% total da radiação absorvida | 50,0 | 90,0 | 93,5 | 95,0 | 96,7 | 97,5 | 98,0 | 99,0 |
Fonte: ARPANSA (2010)
Podemos notar que filtros solares com FPS maiores que 30, não promove proteção “significamente” maior e muito menos alcança os 100%, e nem deve, porque precisamos uma parcela de raios UV para que a pele produza vitamina D, necessária para a manutenção dos ossos e a coagulação sanguínea.
Se pensarmos em FPS para comprar um filtro solar, o índice 30 é o limite, acima deste valor é “gastar dinheiro à toa”, mas se pensarmos em PPD vale à pena investir em FPS acima de 30, com maior número de ingredientes que atuam como filtros anti UV-A I, pois 1% a mais de absorção pode garantir maior proteção contra os raios UV-A.
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