segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Saiba o significado dos termos utilizados nos rótulos dos filtros solares - Parte 1


O filtro solar (também conhecido como protetor solar) é um produto cosmético apresentado na forma de creme, loção, gel, serum ou aerossol, de uso tópico, com ingredientes que ajudam a proteger a pele da radiação ultravioleta do sol, seja absorvendo (filtros químicos) ou refletindo (filtros físicos) estes raios, o que reduz as queimaduras solares e outros danos à pele, diminuindo o risco de câncer de pele.

Por lei, todos os atributos descritos na embalagem dos filtros solares precisam ser comprovados cientificamente e registrados na ANVISA antes de “povoar as prateleiras” dos supermercados, farmácias e perfumarias. 

O problema dos filtros solares está na interação do produto com a pele. Por mais que esteja uma boa parte das informações expressas no rótulo, a questão sobre a quantidade a ser aplicada, o quanto a pele absorve do produto, para qual fototipo é indicado e os demais cuidados que deve ser tomados de acordo com o índice UV do local onde você está exposto (pois só o filtro solar não é suficiente para te proteger, pois dependendo do índice é necessário se valer de barreiras físicas como óculos, guarda-sol, camiseta, boné) fica a desejar, cabendo ao consumidor buscar estas informações em seu dermatologista ou em outras fontes de informação.

Para garantirmos que a proteção impressa no rótulo seja efetiva em nossa pele, devemos aplicar a mesma quantidade de produto no qual são realizados os testes de eficácia: 2mg/cm2 sobre a área não coberta. Se assumirmos um adulto mediano com altura de 1,70 m e peso de 65 kg com 75 cm de cintura, ele necessitaria de exatamente 35 g para cobrir sua área corporal não coberta (considerando que ele esteja vestindo uma sunga).

A tabela a seguir cita as variáveis do FPS de acordo com a quantidade aplicada. Nota-se que ao aplicarmos uma quantidade inferior de produto, o FPS diminui:

FPS
Quantidade de Fotoprotetor aplicado
2mg/cm²
1,5mg/cm²
1,0mg/cm²
0,5mg/cm²
2
2
1,7
1,4
1,2
4
4
2,8
2,0
1,8
8
8
4,8
2,8
1,7
15
15
7,6
3,9
2,0
30
30
12,8
5,5
2,3
50
50
18,8
7,1
2,7

Fonte: SÁNCHEZ & DELAPORTE, 2008

A questão da absorção do filtro solar pela pele gera muita polêmica e divide a classe médica e a indústria cosmética. Sabemos que a pele, quando recebe uma onda de calor superior a sua temperatura, a permeação aumenta, podendo favorecer a entrada dos ingredientes inativados causando acúmulos de radicais livres, hipersensibilidade a processos alérgicos e cair na corrente sanguínea e provocar intoxicações sistêmicas a produção excedente de estrógeno.

Para prevenir “tais malefícios” poderemos optar por filtros solares que contenham ingredientes antioxidantes como as vitaminas E (Tocopherol) e C (Ascorbic Acid, Ascorbyl Tetraisopalmitate, Ascorbyl Glucoside ou Magnesium / Dissodium Ascorbyl Phosphate), extratos vegetais de café verde (Cofffea arabica (seed) extract) e chá verde (Camelia sinensis (leaf) extract) e que não contenham derivados de PABA (Ethylhexyl Dimethyl PABA), por causa da hipersensibilidade e MBC (4-Methylbenzylidene Camphor), por ser percussor de estrógeno e contra-indicado na gravidez,  na formulação.

Outro ponto que se deve levar em consideração é o fototipo: para pessoas de pele branca (fototipo I e II), o produto ideal é que tenha um FPS 30 ou superior, para peles moreno-claras (fototipo III), o FPS indicado é o 30, as peles morenas e pessoas de asiáticas, hindus e indígenas (fototipo IV e V), o FPS ideal é o 15 ou superior e para as peles negras (fototipo VI), o melhor é o FPS 15.

Devido à confusão criada pelos consumidores sobre o grau verdadeiro e a duração da proteção oferecida, restrições nos rótulos dos produtos são impostas em vários países. Na Austrália em 1998,  a National Industrial Chemicals Notification and Assessment Scheme – NICNAS, decidiu instituir o rótulo de FPS 30+ para filtros que oferecem maior proteção, e uma restrição similar foi tomada em 2004, nos países europeus pertencentes à The European Cosmetics Association – COLIPA e posteriormente em 2006, no Brasil, regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, onde encontramos rótulos de FPS 50+. Essa atitude foi tomada para desencorajar empresas a produzirem falsos títulos com relação ao nível de proteção oferecida (tal como “Proteção o dia inteiro”).

Na literatura encontramos a seguinte relação entre FPS (in vitro) e a porcentagem de absorção dos raios UV pelo produto aplicado na pele (in vivo):

FPS
2
10
15
20
30
40
50
100
%  total da radiação absorvida
50,0
90,0
93,5
95,0
96,7
97,5
98,0
99,0

Fonte: ARPANSA (2010) 

Podemos notar que filtros solares com FPS maiores que 30, não promove proteção “significamente” maior e muito menos alcança os 100%, e nem deve, porque precisamos uma parcela de raios UV para que a pele produza vitamina D, necessária para a manutenção dos ossos e a coagulação sanguínea.

Se pensarmos em FPS para comprar um filtro solar, o índice 30 é o limite, acima deste valor é “gastar dinheiro à toa”, mas se pensarmos em PPD vale à pena investir em FPS acima de 30, com maior número de ingredientes que atuam como filtros anti UV-A I, pois 1% a mais de absorção pode garantir maior proteção contra os raios UV-A.

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